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Via Varejo lidera ranking do Ibovespa após divulgar dados de vendas

Nem Magalu, nem Mercado Livre… A liderança do ranking do Ibovespa na segunda-feira foi da Via Varejo, após a divulgação de dados de crescimento nas vendas online. No relatório apresentado, houve aumento de mais de 2000% em vendas de determinados setores, o que gerou animação no mercado de investimentos.

A consequência disso foi a imediata: a cotação na bolsa de valores das ações da Via Varejo subiram de 2,5% na mesma hora… 

E não parou até o final do dia!

No entanto, o que parece ótimo para quem tem ações da empresa pode trazer problemas para a companhia. Acontece que a divulgação desses dados pode não estar de acordo com as regras do mercado brasileiro de capitais…

E, como consequência, a empresa deve ser investigada pela Comissão de Valores Mobiliários

Ao longo deste artigo, vou te explicar em detalhes os efeitos da divulgação desses dados e as possíveis consequências disso tudo para a empresa e também para o mercado. 

Relatório Preliminar de vendas na Via Varejo

Não é todo dia que dados confidenciais sobre o desempenho de vendas de grandes empresas são veiculados por engano… 

Na madrugada da última segunda-feira (20), o Twitter oficial da Via Varejo publicou 6 tweets com informações confidenciais sobre o volume de vendas em determinados setores. 

Entre os citados, a venda de eletrônicos teve destaque, com avanços de até 2.500% em maio e junho, em comparação com o mesmo período de 2019…

Além desse setor, outros também apareceram:

  • Televisores (1.900%);
  • Equipamentos de som (1.500%);
  • Itens de informática e de escritório (1.400%);
  • Fornos e fogões (750%);
  • Refrigeradores e lavadoras (300%).

O assunto rapidamente tomou grandes proporções na internet, chamando a atenção de todo o mercado financeiro do país.

As ações via varejo, sob o ticker VVAR3, abriram o mesmo dia em alta, subindo cerca de 2,5% por volta das 10h30. 

E o ativo ganhou mais força ao longo do dia…

Para você ter uma ideia, os papéis da Via Varejo renovaram a máxima histórica de cotação, fechando em R$ 21,17, com uma valorização de 7,35%, liderando o ranking de altas do Ibovespa.

A imagem abaixo mostra bem o comportamento da cotação da Via Varejo

O números são animadores tanto para vendedores (conforme vou mostrar nos próximos tópicos), quanto para investidores que tinham ações da companhia.

No entanto, a divulgação desses dados não poderia ter sido feita, já que esse tipo de informação só pode ser veiculada em redes sociais após divulgações oficiais, o que ainda não aconteceu.

Por conta disso, a empresa deve prestar esclarecimento o quanto antes sobre o ocorrido…

Defesa da Via Varejo

No mesmo dia em que os dados foram divulgados, a companhia solicitou a retirada imediata das mensagens publicadas na rede social…

Em justificava à imprensa, a Via Varejo afirmou:

Não é política da companhia divulgar este tipo de informação, razão pela qual tão logo seu departamento de Relações com Investidores tomou conhecimento da publicação, solicitou prontamente que a mesma fosse retirada do ar, o que ocorreu às 12h55 da tarde”.

Agora, a preocupação da empresa com relação à garantia da igualdade das informações diante do mercado – preceito que teria sido ferido ao divulgar as informações. Diante disso, precisa comprovar que não agiu de má fé para prejudicar as concorrentes…

Assim, para assegurar a disseminação isonômica de informações corretas aos seus acionistas e ao mercado em geral, a Via Varejo apresentou as seguintes informações:

A companhia também afirma que as informações citadas no quadro acima são gerenciais e não auditadas… E reforça:

A administração da Via Varejo reitera seu compromisso de transparência com o mercado em geral e tomará as providências necessárias para evitar qualquer divulgação de dados de forma distinta daquela aprovada em sua política de divulgação”.

CVM fará apuração dos fatos

Como a divulgação pode não estar de acordo com as regras do mercado brasileiro de capital, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo para averiguar a divulgação das informações postadas no Twitter da Via Varejo. 

O motivo é que as informações sobre as vendas da Via Varejo foram fornecidas ao público sem levar em conta a equivalência na divulgação de dados das empresas do setor… 

E isso, obviamente, poderá acarretar consequências para a Via Varejo…

De acordo com o órgão regulador “Aplicam-se às divulgações realizadas em mídias sociais as mesmas regras previstas nas normas que tratam da divulgação de informações, notadamente as que disciplinam a divulgação de informações relevantes e estabelecem regras gerais sobre conteúdo e forma das informações que os emissores devem observar”.

O que esperar de todo esse cenário?

É importante frisar que a empresa está em ascensão há algum tempo, desde o início da nova gestão da família Klein, fundadora das Casas Bahia.

Nos últimos dez anos, a empresa esteve sob controle do Grupo Pão de Açúcar, até que Michael Klein, filho do fundador, Samuel Klein, comprou a participação do grupo e voltou a ser o principal acionista…

Hoje, junto com a família, Michael detém 28% da empresa. O XP Asset Management possui cerca de 8% das ações, e o restante está pulverizado… 

O fato é que se os dados divulgados forem realmente verdadeiros, tudo indica que a Via Varejo acelerou no segundo trimestre, destacando-se fortemente de seus concorrentes nesse período…

E isso inclui a Amazon, gigante do setor que, recentemente, registrou um salto de 5,7% na bolsa de valores, ultrapassando US$ 3 mil por ação e marcando um recorde histórico…

Contudo, o balanço do resultado referente ao exercício no segundo trimestre deste ano da Via Varejo está previsto para ser publicado oficialmente no dia 12 de agosto…

Só com a publicação deste conteúdo é que será possível confirmar se ambos os dados (os publicados pelo Twitter e os divulgados posteriormente pela empresa) são verídicos ou não…

Então, até lá, será preciso acompanhar as notícias para entender seus possíveis desdobramentos.

Maria Alice Medeiros

Maria Alice Medeiros é formada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Desde 2013 atua com produção de conteúdo em diversas áreas, como: Cultura, Direito, Empreendedorismo e Educação. Hoje, é Editora do Portal Ecommerce de Sucesso, e busca levar notícias e conteúdos diários para empreendedores, profissionais e investidores, sempre com uma perspectiva fundamentada e imparcial, apontando as implicações reais de cada nova informação dentro do mundo dos negócios.

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