Como o Algoritmo do TikTok Realmente Funciona? Estudo Revela a Verdade

Última atualização em 5 de outubro de 2021 por

Muitos usuários do TikTok se perguntam como a rede social que cresceu mais rápido no mundo os conhece tão bem…

A resposta de como esse aplicativo consegue conhecer você tão intimamente é um algoritmo altamente secreto, longamente guardado pela ByteDance, companhia dona do TikTok situada na China. 

Para entender como o TikTok conhece os usuários de forma tão precisa, o The Wall Street Journal criou cerca de 100 contas ou bots automáticos no TikTok, que assistiram centenas de milhares de vídeos no aplicativo. E também conversou com executivos atuais e antigos da companhia.

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(Imagem: Freepik)

Oficialmente, o TikTok diz que as ações de compartilhar, curtir, seguir e o que você assiste influenciam no que o aplicativo mostra para você…

O WSJ soube que a rede social precisa apenas de uma dessas tarefas para descobrir tudo sobre você: o tempo que você passa assistindo um conteúdo. na prática, o aplicativo está acompanhando cada segundo do que você assiste ou reassiste.

Por meio dessa ferramenta poderosa, o TikTok identifica os interesses e os sentimentos mais profundos dos usuários. E leva o indivíduo a um lugar cheio de conteúdo, que é difícil de sair…

Assim, a experiência com o TikTok começa da mesma maneira para todo mundo. Abra o aplicativo e imediatamente você verá uma lista sem fim de vídeos no feed “Para Você”.

O WSJ também criou a conta de um usuário de 24 anos nascido no Condado de Henry, Kentucky. E o TikTok começa apresentando à conta uma seleção de vídeos populares selecionados por moderadores do aplicativo…

O que a plataforma não sabe é que o indivíduo de 24 anos de Kentucky não é uma pessoa de verdade. É uma das contas bot programadas pelo WSJ. Vamos chamá-lo de “kentucky_96”.

The Wall Street Journal criou essas contas para entender como o TikTok descobre seus interesses escondidos. Cada bot foi criado com uma data de nascimento e um endereço de IP, que contou ao TikTok a sua localização. Nenhum bot teve o gênero informado.

O WSJ criou interesses para cada bot ou usuários, mas essas informações nunca foram cadastradas no aplicativo…

A única maneira que os usuários expressaram seus interesses foi reassistindo ou pausando vídeos com hashtags e imagens relacionadas. Alguns gostavam de esportes radicais. Outros de silvicultura, dança ou astrologia…

Para todas as contas, o WSJ descobriu que, a princípio, o TikTok exibe uma enorme variedade de vídeos. Muitos com milhares de visualizações. 

Então, conforme o algoritmo reconhece com o que você interage, a seleção de vídeos e a contagem de visualizações é reduzida, com poucos deles aprovados pelos moderadores para ver se o conteúdo viola os termos de serviço do TikTok.

Especialista Explica Como Funciona o Algoritmo do TikTok

O WSJ analisou o experimento e seus resultados com o cientista de dados e especialista em algoritmo Guillaume Chaslot, um ex-engenheiro do Google que trabalhou no algoritmo do Youtube. Agora, Chalost defende a transparência dos algoritmos.

Segundo o profissional, o TikTok é diferente das outras redes sociais

O algoritmo no TikTok pode se tornar muito poderoso e capaz de conhecer suas vulnerabilidades muito mais rápido”, afirma.

Na verdade, o TIkTok descobriu completamente muito interesse das nossas contas em menos de 2 horas. E alguns foram descobertos em menos de 40 minutos

No Youtube, mais de 70% das visualizações vêm do mecanismo de recomendações. Isso já é algo enorme, mas no TikTok é muito mais forte. Provavelmente, 90% a 95% do conteúdo que é assistido vem do mecanismo de recomendações”, explica o profissional.

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(Imagem: The Wall Street Journal)

Essa é uma visualização criada a partir das hashtags anexadas nos vídeos que os bots assistiram. Pense nisso como uma visão parcial do universo do conteúdo do TikTok, incluindo os vídeos de dança, de culinária…

Os braços saindo do meio representam áreas de conteúdo de nicho. Um deles começa com vídeos genéricos de animais fofinhos, mas no final, encontramos vídeos mais específicos para fãs de Bulldog francês.

Conforme “kentucky_96” começa sua jornada, ele começa a se mover pelo conteúdo convencional, em que o TikTok está tentando identificar os interesses do bot.

O usuário foi programado para ter interesse em tristeza e depressão. Vamos ver quanto tempo leva para o TIkTok descobrir isso…

Em menos de 3 minutos usando o TikTok e no 15º vídeo, “kentucky_96” pausa em um conteúdo. O bot assiste o vídeo de 35 segundos duas vezes.

Nesse momento, a plataforma tem sua primeira suspeita de que, talvez, o novo usuário tenha se sentindo deprimido ultimamente. A informação contida neste vídeo proporcionou ao aplicativo pistas importantes:

  • Autor do vídeo;
  • Faixa de áudio;
  • Descrição do vídeo;
  • Hashtags.

Depois do primeiro vídeo triste assistido por “kentucky_96”, a rede social exibiu outro conteúdo similar 23 vídeos depois, o que representa 4 minutos de tempo de exibição. 

Dessa vez, é um vídeo sobre término com a hashtag #triste. 

O TikTok ainda está tentando investigar o novo usuário sugerindo vídeos com muitas visualizações:

  • O novo usuário quer assistir vídeos sobre amizades?
  • Ou rir de vídeos engraçados?
  • Ou eles gostam de vídeos de reparos domésticos?

A localização, outra informação do seu celular, pode influenciar nos vídeos que são exibidos no feed do usuário…

Por um instante, “kentucky_96” assistiu vários vídeos sobre Kentucky, mas independentemente disso, o TikTok continua mostrando aos usuários que esse tipo de conteúdo depende da sua decisão.

Uma porta-voz do TikTok contou ao The Wall Street Journal que o aplicativo não escuta o seu microfone ou lê mensagens de texto para mostrar vídeos personalizados.

No vídeo 57, “kentucky_96” continua assistindo conteúdos sobre decepções amorosas e sentimentos feridos. E depois, no vídeo 60, viu um TikTok que tratava de dor emocional. Com base nos vídeos assistidos até aqui, a rede social acha que talvez o usuário queira ver mais conteúdo sobre amor, términos e namoro…

Depois de 80 vídeos, que duraram 15 minutos, o aplicativo começa a sugerir mais vídeos de amizade, porém, “kentucky_96” não tem interesse nesse tema…

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(Imagem: The Wall Street Journal)

Então, o usuário pausa um vídeo sobre saúde mental. Em seguida, rapidamente pula os vídeos sobre sentir falta de ex-namorado, conselhos sobre seguir em frente e como manter o interesse de alguém que você gosta…

Agora, “kentucky_96” permanece em um vídeo com a hashtag #depressão e em vídeos sobre lidar com ansiedade.

App TikTok Finalmente Descobre os Interesses do Usuário 

Depois de 224 vídeos na jornada do bot ou cerca de 36 minutos de tempo de exibição total no aplicativo, o entendimento do TikTok sobre “kentucky_96” começa a ser estruturado. Vídeos sobre depressão e problemas de saúde mental superam os de relacionamentos e términos…

A partir daqui, o feed de “kentucky_96” é um dilúvio de conteúdo depressivo. 93% dos vídeos mostrados à conta são relacionados à tristeza e à depressão.

Uma representante do TikTok afirma que alguns dos 7% dos vídeos servem para ajudar o usuário a conhecer conteúdos diferentes. Mas para “kentucky_96”, esses vídeos eram poucos e espaçados. A maioria dos vídeos apresentados fora da temática depressiva eram anúncios.

Uma porta-voz do TikTok afirma que a atividade simulada feita pelos bots do The Wall Street Journal não é uma representação real do comportamento das pessoas porque os humanos têm uma série de interesses. 

Entretanto, até mesmo alguns dos bots com interesses variados passaram por uma situação complicada.

O WSJ mostrou os dados e vários dos vídeos assistidos por “kentucky_96” a Chaslot:

Sobre o resultado da pesquisa, Chaslot revela a estratégia do algoritmo do TikTok:

O que vemos no TikTok é um pouco parecido com o que vimos no YouTube. Basicamente, o algoritmo está detectando que o conteúdo de depressão é útil para criar engajamento e impulsionar vídeos depressivos. Então, o algoritmo está incentivando as pessoas a ver cada vez mais conteúdos extremos para que isso as faça prolongar o tempo de exibição”, afirma o executivo.

O TikTok diz que o usuário pode marcar a opção “Não tenho interesse” para visualizar menos um determinado conteúdo. Mas Chaslot afirma que essa medida não é suficiente:

O algoritmo pode encontrar conteúdos que te vulnerabilizam. Ou seja, que vai fazer você clicar, assistir, mas isso não significa que realmente é do seu interesse. Ou algo que você realmente gosta. É um conteúdo que tem maior probabilidade de fazer você ficar na plataforma”, conta o especialista.

Os bots conseguiram encontrar uma saída apenas quando o WSJ trocou seus interesses de visualização. Um bot foi alertado a parar de assistir vídeos sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o algoritmo parou de exibir esse tipo de conteúdo…

Mas mesmo assim, muitos dos bots do The Wall Street Journal ficaram presos em caminhos sem saída. 

Dessa forma, o TikTok aprendeu os interesses mais escondidos dos bots como astrologia, mas até os com gostos convencionais ficaram presos conforme as recomendações ficaram mais personalizadas e limitadas… 

Nas profundezas do TikTok os usuários podem encontrar conteúdos potencialmente perigosos que são menos selecionados por moderadores e violam os termos de serviço do aplicativo.

Uma representante do TikTok disse que a companhia detecta muitos conteúdos banidos que passam tanto por análise de computador quanto moderadores. Essa iniciativa também verifica vídeos denunciados por usuários. 

Há muito conteúdo divertido, bobo e de afirmação da vida no TikTok. Porém, da mesma forma que o aplicativo pode mostrar o que faz você rir, também pode deixar você muito deprimido. Tudo isso sem precisar bisbilhotar sua vida ou coletar suas informações pessoais.

Seja no TikTok, no Facebook ou no YouTube, estamos cada vez mais interagindo com algoritmos todos os dias. Estamos treinando eles e eles estão nos treinando. Então, temos que nos aprofundar nesse assunto para entender com mais clareza. E não deixar que isso resulte em situações nocivas à sociedade ou a certos grupos de pessoas”, alerta Chalston.

Fonte original: The Wall Street Journal

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