Resale: o Futuro do Varejo? Conheça!

Última atualização em 9 de outubro de 2020 por Maria Alice Medeiros

O Resale é uma tendência mundial do varejo que já rendeu bilhões de dólares ao mercado. Inspirado pelo consumo consciente, ele vem atraindo a atenção de marcas de todos os setores que visam unir as vendas a uma causa maior…

Isso não acontece sem razão, afinal, a previsão é que esse mercado de second hand (segunda-mão, em português) atinja em torno de 64 bilhões de dólares em faturamento até 2024…

E não é só no exterior que o resale vem fazendo sucesso…

No Brasil, essa estratégia de revenda de produtos usados também começou a chamar atenção de players importantes, com grandes empresas apostando na prática…

Ao longo deste artigo, vou te explicar o que Resale, qual o prognóstico global da iniciativa, e quais são as empresas que já adotaram essa estratégia. Acompanhe.

Resale

O que é Resale, afinal?

Para entender o que é Resale (ou, em português, Revenda) é necessário saber sobre um movimento maior e que ganha cada vez mais força no varejo: o de consumo consciente. Ou, no caso, de um varejo consciente, que evita desperdícios e tem, como foco principal, atenção às questões sociais e do meio ambiente. 


Dentro desse movimento, surgiram algumas práticas importantes no mercado, como:

  • Resale, que é a revenda de produtos que já foram usados;
  • Rent, que é o aluguel de produtos;
  • Refurbish, que é o recondicionamento de produtos usados. O objetivo deste é preparar os produtos para o Resale, mas ressaltando a renovação e garantia de qualidade da mercadoria.

Em geral, essas práticas estão bem associadas ao mercado de moda, mas outros segmentos também estão de olho nesta tendência…

E isso não é à toa…

O Resale, em específico, tem desempenhado um forte papel dentro do mercado de varejo atual

Para você ter uma ideia, o NRF – Retail’s Big Show, evento focado nos principais e mais rápidos debates sobre o futuro do varejo, listou a iniciativa do Resale como uma das 7 tendências para 2020. Nele, participaram CEOs de marcas como Apple, Walmart e outras.

Ou seja, a revenda de produtos promete movimentar muito mais o varejo do que era imaginado há algum tempo…

Alcançando um faturamento extraordinário. Dá uma olhada:

64 bilhões de dólares nos próximos 4 anos

Embora o mercado brasileiro ainda esteja dando os primeiros passos no resale (a revenda de usados), outros países já trabalham com força total nesse sentido…

De acordo com o levantamento feito pela Thredup, maior loja online de artigos usados do mundo, a revenda de produtos deve ter um crescimento avassalador até 2024, superando outros setores…

E alcançando os 64 bilhões de dólares.

A imagem abaixo mostra isso em detalhes:

Além disso, a estimativa é que o Resale cresça 5 vezes mais nos próximos 4 anos… 

Em 2019, por exemplo, o Resale cresceu 25 vezes mais rápido do que o setor varejista em geral, que só cresceu 2%.

Assim, no que diz respeito à realidade econômica mundial, é preciso ter ainda mais atenção quanto ao crescimento do Resale no varejo…

Sabe por quê?

Porque, ainda de acordo com a pesquisa, o mercado de revenda é enorme e está apenas começando…

Um dado que confirma isso é que 82% da América ainda não revende roupas, mas, olhando para o lado do consumidor, a maioria (67%) se mostra aberta a comprar esses produtos. Veja:

Não dá para ignorar esse forte movimento do mercado de varejo…

Principalmente porque, hoje, os jovens compradores que estão adotando a moda de segunda-mão de forma mais rápida do que qualquer outra faixa etária

E no que diz respeito a esses “jovens”, que seria a chamada Geração Z (pessoas pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010), 90% afirmam que já compraram ou estão dispostos a comprar de segunda-mão.

Mas não só eles: consumidores de todas as faixas também apresentam, em graus menores, a predisposição a comprar itens usados. Esses números, inclusive, aparecem na pesquisa:


Essa são informações relevantes quando consideramos como o mercado brasileiro é pautado pelo exterior. Observando o crescimento exponencial do resale e também as iniciativas internas nesse sentido, a aposta é que essa prática ganhe mais força no país nos próximos anos…

Especialmente pensando em como essa estratégia pode servir para atrair mais consumidores para a empresa.

Resale como estratégia de atração

Não se engane: a aposta no resale não é apenas para estimular o consumo consciente; esse é só um dos objetivos. Essas parcerias circulares têm funcionado tanto no mercado pois geram receita, criam consciência da marca e aumentam a fidelidade do cliente

Entre os principais motivos pelos quais os executivos de varejo estão interessados ​​em testar o Resale, estão:

  • 82%: para aumentar o tráfego;
  • 66% para o meio ambiente; 
  • 58% para apelar a um público mais jovem;

E sabe por que tudo isso é extremamente importante para o futuro do varejo?

Porque os investidores levam a sério as marcas que se preocupam com questões sustentáveis

Exemplo disso é o Goldman Sachs, que anunciou que planeja gastar US$ 750 bilhões nos próximos 10 anos financiando e assessorando empresas com foco em temas de finanças sustentáveis.

O banco, inclusive, faz transações com empresas que atuam no Brasil. Recentemente, forneceu um aporte de R$ 400 Milhões para o Mercado Livre ampliar oferta de crédito a PMEs.

Digo isto, pois algumas marcas já estão lançando fortes estratégias de vendas quando o assunto é Resale. Explico a seguir. 

Empresas que já apostam em Resale

Enganam-se quem pensa que esse movimento de Resale surgiu do nada… 

Há alguns anos os consumidores e, consequentemente, as marcas vêm debatendo fortemente sobre um consumo mais consciente. 

A primeira marca que vamos citar aqui, inclusive, entrou nesse movimento devido a uma ação bastante polêmica… 

Burberry

Em 2018, mais de US$ 37 milhões em roupas e cosméticos da Burberry, marca de luxo britânica, viraram cinzas… Literalmente.

Na tentativa de evitar que a marca perdesse seu valor, ao ser comercializada com preços mais baratos em liquidações, a empresa incinerou todo o excedente de seus peças. 

E, acredite, por mais absurdo que isso tudo seja, a prática é bem comum no varejo de moda de luxo…

O acontecimento gerou revolta nos consumidores no geral…

Por isso, logo depois do episódio, a Burberry anunciou o fim da incineração de excedentes e uma revisão de seus processos. Isto é, na prática, a empresa fechou uma parceria com o The RealReal, uma das maiores plataformas de consignação de artigos de luxo do mundo. 

Nela, os clientes que revendessem um item da Burberry ganhariam um desconto para adquirir um novo produto da da marca.

Um boa saída, não?

Walmart

O gigante do varejo Walmart não perdeu tempo em entrar no mercado de Resale o mais rápido possível. 

Com uma parceria online com o thredUP, a varejista passou a oferecer aos seus clientes cerca de 750.000 roupas usadas. Entre os produtos, estão roupas femininas, infantis, acessórios, calçados e bolsas.

Denise Incandela, chefe de moda do Walmart US eCommerce, afirmou que sabe que os clientes, especialmente os millennials, estão interessados ​​em comprar roupas de revenda. E acrescentou: 

“Esta parceria é o nosso último passo para estabelecer o Walmart.com como um destino de moda e oferecer aos clientes os itens usados ​​que eles podem estar procurando.”

Se a gigante norte-americana já adotou o Resale, então, nada impede que a versão brasileira da companhia também faça o mesmo futuramente… 

Macy’s

A Macy’s, uma das maiores lojas de departamento dos Estados Unidos, também adotou o Resale como estratégias de venda…

Também com uma parceria com a thredUP, a Macy’s conta com mais de 40 locais disponíveis para Resale de produtos. Em fevereiro, dirigentes informaram que expor as peças perto dos produtos voltados para os jovens vez toda a diferença para o sucesso da iniciativa.  

E o que isso pode deixar de reflexão para as varejistas brasileiras do mesmo segmento, como a Renner e a C&A, por exemplo? 

Que a revenda de roupas é uma realidade hoje. Talvez não tão forte no Brasil, mas, ao que tudo indica, tem fortes chances de se tornar. Já é algo para ficar no radar tanto dos gestores quanto vendedores desses marketplaces…

Arezzo

Ainda não é seguro afirmar que a Arezzo está investindo no Resale, mas já dá para dizer que o foco da empresa é esse para o futuro. 

Recentemente, o Grupo Arezzo&Co lançou uma plataforma online que reúne, além das sete marcas próprias, diversas outras grifes brasileiras.

Alexandre Birmam, CEO do grupo, afirma que “Vai ser o melhor site de compra de moda do Brasil, com a melhor curadoria”

E mais do que isso, o executivo disse que tem sérios planos de também entrar no mercado de Resale…

Birmam planeja que os clientes da Arezzo possam anunciar seus produtos usados em uma aba do site. E o valor da venda será multiplicado por dois e convertido em crédito para que eles adquiram um novo produto. 

Isto é, por ora, a Arezzo só intermediária a negociação, sem necessidade de receber ou estocar o produto.

Reserva

A reserva é outra marca brasileira que acabou de anunciar a adoração de estratégias de Resale em seus negócios. 

No final de setembro, a empresa anunciou uma parceria com a TROC, startup voltada para a revenda de peças…

Assim, as lojas físicas da Reserva receberam peças usadas em bom estado, e cada peça valeu um desconto de 20% na compra de uma nova.

Diante disso, o que será que está por vir para as tantas outra empresas do varejo brasileiros? Difícil dizer, mas dá para ter uma ideia…

O que o Varejo Brasileiro Pode Esperar

Lentamente, o Resale vem chegando no Brasil e, ao que tudo indica, terá grande chances de ficar

E isso não significa que só lojas físicas poderão aplicar o Resale de seus produtos com estandes separados para isso, por exemplo…

O Ecommerce também pode ter um forte papel nesse cenário. Em meio ao crescimento avassalador do setor, por que não investir em estratégias que estão ganhando força em outros países?

É algo a se pensar…

Principalmente com o crescimento avassalador do Ecommerce nos últimos meses e, mais do que isso, o cenário positivo pós-pandemia que está por vir.

Isto é, em uma projeção de 2020 para 2024, os novos hábitos das pessoas podem trazer cerca de R$ 69 bilhões em vendas adicionais ao Ecommerce…

Diante disso, o comércio eletrônico deve crescer em torno de 17,3% ao ano, atingindo R$ 211 bilhões em 2024.

Portanto, não há motivos para os empresários do setor não ficarem de olho no Resale. Pelo contrário, agora talvez seja a hora de já traçar planos que implementar a estratégia em seus negócios em breve.

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