Última atualização em 2 de setembro de 2020 por Maria Alice Medeiros
O período de apresentação dos balanços de desempenho das empresas do varejo está chegando ao fim… E, para concluir com chave de ouro, a Renner apresentou resultados que chamaram a atenção de todo o mercado: a varejista cresceu mais de 200% no 2º trimestre.
A expectativa para o balanço da Renner era bem grande, principalmente após a divulgação dos resultados da Dafiti e C&A, que se saíram muito bem em um contexto geral.
Ao longo do artigo, vou te apresentar todos os números do balanço do 2º semestre da empresa e te esclarecer como foi a participação do Ecommerce da Renner nesse sentido. Acompanhe.
Efeito fiscal extraordinário
A Renner divulgou em seu balanço do 2º trimestre um lucro líquido de R$ 818,1 milhões, em alta de 254,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Na época, o lucro foi de R$ 230,7 milhões.
Aparecentemente animadores, os resultados não representam um cenário tão positivo assim… Vou explicar.
O fato é que a Renner teve recuperação de crédito fiscal no 2º trimestre, com o valor de R$ 1 bilhão. Foi graças a esse crédito fiscal, aliás, que a empresa conseguiu vencer os fortes baques da pandemia.
Para você ter uma ideia, desconsiderando o efeito fiscal, a Renner teve prejuízo de R$ 228 milhões, em um comparativo com 2019.
E este resultado é explicado pelo Ebitda do varejo, que subiu 32,1% para R$ 455,3 milhões, mas que, com o crédito excluído, seria negativo em R$ 280,2 milhões…
Tudo isso teve como pano de fundo a pandemia, que devastou muitos setores e também causou consequências até em gigantes do varejo como a Renner. Explico a seguir.
Vendas nas lojas físicas da Renner caem 79%
A Renner teve um comportamento similar à maioria das lojas físicas do varejo no período de maior restrição do isolamento social…
No auge da pandemia, em abril, apenas 10% das lojas Renner estavam funcionando normalmente. Em maio, 33%, e em junho, 69%.
Diante disso, as vendas das tiveram uma queda de 74%…
Apesar de os canais digitais terem apresentado um aumento de 122%, isso não foi o suficiente para compensar a queda de 79% no lucro bruto do varejo, que marcou R$ R$ 242 milhões, com margem bruta 11,6 pontos percentuais menores.
Entretanto, a Renner foi mais uma grandes grandes varejistas – assim como Magazine Luiza, Via Varejo etc – que viu no Ecommerce uma chance para reformular estratégias de mercado. Explico a seguir.
Ecommere da Renner cresce
Em agosto, as vendas online reportaram crescimento de 206% em relação ao mesmo período de 2019.
Sobre isso, Fabio Faccio, presidente-executivo da Renner, foi enfático:
“Isso nos levou a ajustar parte do investimento que faríamos em novas lojas para nossa estrutura de comércio eletrônico”.
Ou seja, movimento que tantas outras empresas no mercado também estão fazendo: a aposta nas venda online.
Mas voltando ao crescimento…
Parte deste aumento é fruto de novas estratégias lançadas pela Renner para suprir a demanda dos consumidores do site…
Diante disso, a Renner começou a realizar entregas das vendas online com os produtos estocados nas próprias lojas.
Além disso, inseriu o WhatsApp como canal de venda e também permitiu que clientes indicassem produtos em suas redes sociais, ganhando um valor a cada venda.
Outro ponto que também participou desse processo de digitalização foi o setor de pagamentos de faturas do cartão Renner, passando de 30 para 80%.
Sendo assim, o balanço do 2º trimestre da Renner mostra um fator crucial:
A pandemia causou um forte impacto negativo nas vendas da varejistas, contudo, o efeito fiscal conseguiu garantir o lucro da empresa…
E, no caixa da Renner, esse efeito só será percebido ao longo de 2021, uma vez que os ganhos surgirão só após o pagamentos dos devido impostos.