Última atualização em 6 de novembro de 2020 por Maria Alice Medeiros
O Grupo SBF, dono da Centauro, comprou as operações da Nike do Brasil por 900 milhões de reais. O grupo será responsável pela política comercial, distribuição e gestão de vendas e lojas pelos próximos 10 anos.
Com essa estratégia, a gigante Nike está totalmente nas mãos da Centauro aqui no Brasil…
No entanto, a Centauro também tem um desafio. A marca não tem caixa para fazer essa operação à vista. Então, grande parte desse valor deverá ser financiado…
E isso aumenta ainda mais o endividamento da marca, que já é alto.
Confira abaixo sobre essa estratégia e como que esse negócio pode influenciar outros players.
As estratégias da Nike e da SBF
A Nike e o Grupo SBF informaram que essa operação é uma estratégia do Grupo Nike de otimizar sua atuação e presença na América Latina. Tudo isso com foco no seu posicionamento da marca, volume de vendas, relação com parceiros e consumidores.
No entanto, exclui-se do acordo aspectos como propriedade intelectual, a coordenação da fabricação dos produtos, as marcas e também ativos de marketing. A fabricação é majoritariamente terceirizada a indústrias locais e continuará a ser feita pela matriz norte-americana.
Por sua vez, a Centauro vê a operação como uma oportunidade de integrar seus canais físicos e o Ecommerce. E um ponto que deve ser explorado é experiência da empresa no varejo brasileiro para aumentar o alcance de determinadas marcas do Grupo Nike no mercado.
A estratégia da Centauro tem dois objetivos:
1 – Trazer para si uma operação que é lucrativa
Essa operação fatura 2 bilhões de reais no Brasil. Agora, a Centauro vai precisar definir para quem vai distribuir tênis Nike.
No Brasil, provavelmente só será possível comprar em lojas da Nike, que vão ser operadas pelo grupo Centauro, ou na Centauro, tanto em suas lojas físicas quanto no Ecommerce.
Outros varejistas, como a Netshoes, provavelmente não poderão vender a marca.
A estratégia: garantir exclusividade de da marca Nike e impedir o crescimento do seu maior concorrente.
2 – Exclusividade no lançamento de produtos
A partir de agora, todo mundo que for procurar o produto Nike vai acabar consumindo a marca Centauro.
A gestão ficará centrada no grupo Centauro, com possibilidade do faturamento crescer. E, principalmente, esse valor do faturamento vem para agregar valor ao que já existe dentro do Grupo da Centauro.
O desafio da Centauro está em conseguir lidar com mais um endividamento e sair do vermelho com essa aquisição. Isso porque a empresa não tem caixa para fazer essa operação à vista e pagará financiado.
Concorrência poderosa com a Netshoes
Nos últimos anos, a Netshoes passou a Centauro em números de vendas. Assim, a Centauro, um player que liderava o segmento esportivo no Brasil, viu seu domínio de mercado ameaçado.
No ano passado, a Centauro até disputou a aquisição da Netshoes com a Magazine Luiza, mas quem levou a melhor foi a Magalu.
Diante disso, a Centauro se encontrou em uma situação delicada: não conseguiu adquirir a maior concorrente e ainda a perdeu para o player que mais cresce no Ecommerce brasileiro.
Porém, com o acordo entre o Grupo SBF e a Nike no Brasil, as coisas podem mudar…
A Nike é uma das mais populares marcas estrangeiras de tênis no Brasil e tem uma grande representatividade de vendas, inclusive na Netshoes…
Mas será que a Centauro vai querer disponibilizar produtos da Nike para sua concorrente, uma vez que poderia ser a única revendedora autorizada?
O mais provável é que, a partir de agora, só seja possível comprar Nike nas mega lojas da marca ou nos canais de venda da Centauro.
Essa estratégia foi muito bem pensada, uma vez que a Centauro garantiu exclusividade em uma marca lucrativa e, ao mesmo tempo, pode impedir que seus concorrentes vendam aquela marca.