Última atualização em 6 de novembro de 2020 por Maria Alice Medeiros
Desde o começo de junho, grandes empresas estão aderindo ao boicote ao Facebook. Até o momento, são mais de 160 empresas do mundo todo que afirmaram suspender seus anúncios na rede social.
O movimento, chamado de Stop Hate For Profit – traduzido como “Pare de Odiar por Lucro” -, tem o objetivo de pressionar o Facebook a melhorar o monitoramento e excluir todos os conteúdos com discurso de ódio contra as minorias.
Além do Facebook, as empresas também optaram em cortar as propagandas no Instagram, que pertence ao grupo Facebook, liderado por Mark Zuckerberg.
Desde que começou, o boicote vem ganhando mais força e tem ameaçado o valor da empresa na Bolsa.
Com grandes empresas adotando o movimento, o Facebook já perdeu cerca de 75 bilhões de dólares em anúncios. Desde o dia 22 de junho, também perdeu 74 bilhões em valor de mercado.
Por que as Empresas estão boicotando o Facebook?
A campanha de boicote, na realidade, consiste em atacar o Facebook onde dói mais: no bolso. Por isso, empresas que investiam quantias enormes em Facebook decidiram pausar as campanhas.
Tudo começou nos Estados Unidos durante as manifestações por justiça racial, após o assassinato de George Floyd por um policial, no final de maio. De acordo com os organizadores da campanha, uma das grandes motivações foi o Facebook ter impulsionado conteúdos que apoiavam a violência contra manifestantes, além da propagação de sites racistas.
Os funcionários do Facebook também se manifestaram este mês contra o posicionamento da plataforma de não remover uma publicação do presidente norte-americano, Donald Trump, em que incitava à violência nos protestos.
Desde os escândalos envolvendo as eleições para presidente nos Estados Unidos em 2016, o Facebook é pressionado a adotar políticas mais rígidas de controle de “fake news”, discursos de ódio e incitação à violência. A empresa tomou algumas medidas, mas não foram suficientes.
De acordo com Jim Steyer, executivo-chefe da Common Sense Media, ONG que promove educação nos EUA e que também integra a Stop Hate For Profit, a campanha espera que empresas europeias também façam parte do movimento.
Empresas que estão participando do movimento
A Coca-Cola anunciou que irá parar toda a publicidade em redes sociais por, pelo menos, todo o mês de julho. A gigante também vem pedindo “mais responsabilização” de empresas online.
Em comunicado, a Ford falou que irá suspender por 30 dias todos os anúncios não só no Facebook, mas também no Instagram e Youtube. A montadora ainda se posicionou afirmando que “a existência de conteúdo que inclui discurso de ódio, violência e injustiça racial em plataformas sociais precisa ser erradicada”.
Só em fevereiro, a Ford havia investido cerca de 1,2 milhões de dólares em anúncios no Facebook.
A Unilever também se pronunciou afirmando que irá reduzir pela metade toda a publicidade no Twitter, Instagram e Facebook até o final do ano.
Desde maio, a Microsoft havia suspendido seus anúncios no Facebook nos Estados Unidos. Agora, a companhia expandiu a pausa para o mundo todo. No ano passado, a empresa gastou cerca de 116 milhões de dólares em anúncios na rede social.
Além delas, outras grande empresas como Starbucks, Diageo, Pepsi, Adidas e Verizon – uma gigante de telecomunicações nos Estados Unidos – também anunciaram que irão interromper as propagandas na internet.
O que a Campanha Reivindica do Facebook
No site da campanha Stop Hate For Profit, há uma cartilha com 10 medidas recomendadas pelos organizadores para que o Facebook possa lidar com esse tipo de conteúdo:
- Estabelecer uma infraestrutura de direitos civis, incluindo executivos de alto escalão capazes de avaliar produtos e políticas para discriminação, vieses e ódio;
- Submissão a auditorias externas regulares sobre discursos de ódio e desinformação, com resultados publicamente acessíveis;
- Oferecer auditoria e reembolso a anunciantes cujas marcas foram expostas ao lado de conteúdo que foi excluído por violar termos de serviço;
- Encontrar e remover grupos públicos e privados que se baseiem em temas como supremacia branca, milícias, antissemitismo, conspirações violentas, negação do Holocausto, desinformação sobre vacinas e negação das mudanças climáticas;
- Implementação de termos de serviço que ajudem a limitar e eliminar discursos radicais da rede social;
- Não recomendar ou amplificar discursos ou conteúdos associados ao ódio, desinformação ou conspiração;
- Criar mecanismos que marquem automaticamente conteúdo de ódio em grupos privados para avaliação humana;
- Garantir a precisão de informações políticas eliminando a exceção para políticos, proibir desinformação sobre eleições e chamados de violência por políticos em qualquer formato;
- Criar times de especialistas para analisar ódio baseado em identidade e assédio;
- Possibilitar que indivíduos enfrentando ódio e assédio severos possam se conectar com um funcionário do Facebook.
Posicionamento do Facebook
Diante do impacto bilionário que o boicote tem causado, o Facebook se pronunciou alegando que há muito trabalho a ser feito para combater as fake news e os discursos de ódio. Além disso, disse que está se unindo a grupos de direitos civis e especialistas para desenvolver ferramentas melhores, como o aprimoramento da inteligência artificial da plataforma.
De acordo com a empresa, a sua inteligência artificial, atualmente, já é capaz de encontrar cerca de 90% dos conteúdos que contenham fake news ou incitam algum tipo de violência…
Em uma live, Zuckerberg anunciou algumas mudanças nas políticas do Facebook, o que inclui a possibilidade de remoção de certas publicações políticas e medidas para proteger as minorias contra discursos de ódio.
A importância de um posicionamento
Os consumidores estão exigentes, não só com os produtos, mas também em como as marcas se posicionam no mercado.
Muitas empresas que não têm políticas inclusivas ou não se posicionam contra atos que ferem os direitos humanos acabam sendo mal vistas pelo público.
Porém, não é apenas o discurso que conta, mas também a prática.
Uma coisa que agrega muito valor a uma marca é a coerência entre os valores que prega e suas atitudes.
Uma das marcas com um posicionamento que conquista os usuários, mostrando que uma empresa vai muito além da venda, é a Netflix.
Abaixo, nós separamos algumas análises e estratégias do Netflix para você aprender como pode fazer algo semelhante e conquistar cada vez mais a sua audiência: